A Diocese de Angra informou esta sexta-feira que os dois padres que se encontravam afastados do ministério desde Março de 2023, na sequência de terem sido referidos nas listas entregues aos bispos pela Comissão Independente, viram os seus processos arquivados e foram, por isso, restituídos ao activo. Este facto foi acrescentado à cronologia de casos de abuso, que se encontra aqui.
O que se passou nos Açores é o mesmo que se passou em várias outras dioceses. Sem capacidade para apurar mais rigorosamente os factos, pois a Igreja não tem instrumentos para isso, a diocese aguardou que as autoridades civis terminassem as suas investigações e orientou-se pelas suas conclusões.
Neste caso é importante notar que, segundo a diocese, o Ministério Público disse que não foi possível fazer prova dos factos alegados. Digo que isto é importante, porque isso significa que os factos alegados não estariam prescritos, e por isso é expectável que o MP tenha feito os possíveis para averiguar as acusações.
No plano geral, este novo arquivamento vem aumentar ainda mais o número de processos abertos por causa das listas da Comissão Independente que resultaram em absolvição ou arquivamento. Neste momento, dos 124 nomes indicados nas listas dadas às dioceses e às ordens religiosas, contamos apenas cinco condenações em processo canónico, seis se incluírmos o processo bizarro do Padre Frederico, da Madeira. Há quatro processos que, tanto quanto sei, ainda decorrem, estando os respectivos padres ainda afastados, mas todos os restantes foram absolvidos ou viram os processos arquivados. A informação detalhada relativa às listas da Comissão Independente está aqui, e aqui encontram os dados actualizados para o universo total dos casos de abusos conhecidos em Portugal.