Ao longo da passada semana tivemos mais desenvolvimentos no triste caso de alegados abusos sexuais praticados por um padre na Diocese de Lamego. O padre tinha sido inicialmente afastado preventivamente do ministério, mas quando a diocese soube que a alegada vítima – um adulto vulnerável – tinha desmentido tudo em tribunal, e recebeu informações de que o processo ia provavelmente ser arquivado pelo Ministério Público, reintegrou-o. Acontece que o MP não arquivou o caso e, pelo contrário, deduziu acusação por crimes de extrema gravidade. No seguimento disso, apurei que o padre tinha voltado a ser afastado, e escrevi sobre o assunto para o Expresso.
Esta história mostra como estes casos nem sempre são lineares, mas mostra sobretudo a necessidade de existir um canal de comunicação fluido entre as autoridades eclesiásticas e as judiciais. Se o MP tivesse partilhado informação sobre a gravidade das provas que tinha encontrado – que aparentemente incluem vídeos – a diocese poderia ter agido mais cedo. Essa comunicação existe nalgumas dioceses, mas naquelas em que o bispo está geograficamente mais afastado dos lugares de decisão judicial – neste caso o processo decorreu no Porto – ainda falta fazer muita coisa. Não se esqueçam que vou acompanhando estes casos todos na cronologia de casos de abusos em Portugal, e na página “o que já sabemos, o que falta saber”, constantemente actualizados.
Ainda sobre os abusos, houve um episódio curioso a semana passada. Uma organização que representa vítimas em Portugal, Coração Silenciado, convocou uma manifestação para protestar contra a Igreja, pela morosidade e falta de transparência dos processos de compensação financeira; e contra o Estado, por nada ter feito para combater os abusos sexual no geral e para compensar as vítimas. Ora, na véspera deste protesto, a Igreja publicou um comunicado a explicar com algum detalhe em que pé estão os processos, a comprometer-se com um prazo para finalizar as compensações e a dizer que as vítimas vão ter acesso a toda a informação. É um documento exemplar em vários sentidos, mas fica no ar a sensação de golpe estratégico, uma vez que o comunicado esvaziou de sentido os protestos do Coração Silenciado contra a Igreja, deixando ainda mais exposta a inacção do Estado. Escrevi sobre isso aqui e gravei um vídeo, caso prefiram, que podem ver no YouTube ou no Instagram.
A Fundação Jornada, que gere e distribui os dividendos do lucro da JMJ em Portugal, já anunciou a abertura do primeiro concurso para projetos de apoio à juventude. Entrevistei a directora-executiva da Fundação, Marta Figueiredo, para o site americano The Pillar.
Recordo que o Papa Leão pediu que todos os católicos rezem diariamente o terço, em Outubro, pela paz no mundo, e que no dia 7 de Outubro acontece o evento “Um milhão de crianças a rezar o terço”. Se acreditamos na força da oração, não podemos baixar os braços nesta altura.
Esta quinta-feira fomos surpreendidos por duas notícias muito tristes. Um ataque a uma sinagoga em Manchester, no Reino Unido, e a queda de andaimes numa igreja na Etiópia. Rezemos também pelas vítimas mortais e feridos de ambos estes acontecimentos.
E deixo-vos por fim com o artigo desta semana do The Catholic Thing, em que o Padre Paul Scalia fala do episódio do homem rico e de Lázaro, explicando porque é que Cristo alertava tantas vezes para o perigo da riqueza.