
O Papa publicou esta quinta-feira a encíclica Dilexit Nos, que significa “Ele amou-nos”, e que aborda muitos dos desafios que a secularização traz para a Igreja e para a vivência da fé. Admito que ainda não tive tempo de ler o documento todo, mas segundo este resumo feito pela Ecclesia, parece-me estar carregado de bons conselhos e de bom senso.
O documento sai já na recta final do Sínodo da Sinodalidade. Com o sínodo a chegar ao fim, que conclusões podemos tirar? Está visto que todas as polémicas sobre temas fracturantes foram apenas fogo de vista, e que o verdadeiro assunto é a descentralização. Mas em que moldes? Seguir o exemplo anglicano? Dar mais autoridade às conferências episcopais? É isso que procuro aprofundar no mais recente vídeo-explicador, que podem ver aqui.
Aconselho ainda a lerem o artigo desta semana do The Catholic Thing. Quando li o título: “A decomposição da sinodalidade”, pensei tratar-se de mais um ataque ao sínodo, mas não é. Recorrendo à obra do padre Louis Bouyer, o autor acusa progressistas e conservadores de serem duas faces de um mesmo problema, a obsessão com o poder, desviando as atenções de uma relação viva com Deus.
Os juristas católicos estão preocupados com as razões que levaram à rejeição de uma candidata ao Tribunal Constitucional, i.e., o facto de ela considerar que na questão do aborto deve ter-se em conta os direitos da vida intrauterina.
Morreu Gustavo Gutierrez, o pai da Teologia da Libertação. Esteve vários anos sob a mira da Congregação para a Doutrina da Fé, mas acabou por ver o seu trabalho aceite por Roma, por mais que essa corrente teológica continue a ser alvo de discussão no seio da Igreja, na América Latina e não só. Neste texto, o vaticanista John Allen Jr. recorda esta personagem fisicamente diminuta, mas que deixou um grande legado.
Morreu também Fetullah Gulen, o líder religioso muçulmano que era odiado pelo regime turco e que foi acusado de estar por detrás de um golpe de Estado naquele país. Encontrava-se exilado nos Estados Unidos.
Um dos bispos que seria feito cardeal no dia 7 de Dezembro pediu dispensa ao Papa, dizendo que prefere continuar bispo para, segundo o comunicado do Vaticano, “poder crescer na vida sacerdotal e ao serviço da Igreja e do povo de Deus”. Paskalis Bruno Syukur teria sido o primeiro cardeal da Ilha das Flores, o coração do catolicismo indonésio, que foi evangelizada por portugueses.
O acordo entre a China e o Vaticano sobre a ordenação de bispos foi renovado, agora por um período de quatro anos. Este acordo é dos assuntos mais polémicos do actual pontificado, e não faltam críticos. Eu mantenho que a sua grande vantagem é que resolveu o problema de existirem duas hierarquias paralelas na China, uma situação que se poderia ter cristalizado, mas claro que também existem problemas. Recordo que este foi um dos temas do podcast “Hospital de Campanha”, que podem ouvir aqui.