
Depois da Nigéria, o Haiti. Hoje chegou a triste notícia do assassinato, na passada segunda-feira, de duas freiras no Haiti, parte de um grupo de várias pessoas que se estavam a esconder de bandos armados que agora mandam em grande parte do país. O grupo foi encontrado, e massacrado.
Jerusalém é um local marcante e especial para peregrinos cristãos. Mas para os cristãos que lá vivem a coisa pode ser bem diferente. As casas no bairro cristão são pobres, pequenas e insalubres, húmidas e praticamente sem exposição solar, e a maioria dos cristãos pobres são. Durante a minha visita à Terra Santa estive com algumas das famílias ajudadas pela fundação Ajuda à Igreja que Sofre, para vos poder contar como é que os cristãos vivem, ou sobrevivem, em Jerusalém (notícia em inglês, aqui em espanhol, para quem preferir).
Por falar em Terra Santa, um dos convidados do Jubileu dos Cristãos Perseguidos, organizado pela AIS Portugal no passado fim-de-semana em Arouca, foi o pároco de Gaza. Não esteve presencialmente, claro, mas enviou uma longa mensagem vídeo.
O caso do Pe Rupnik continua a dar que falar. Para quem não acompanhou a história, o ex-jesuíta esloveno já foi um dos mais populares artistas católicos da actualidade, até que surgiram histórias horríveis de abusos cometidos contra freiras de quem era director espiritual. Os jesuítas abriram um processo e expulsaram-no da ordem, mas não pediram a sua expulsão do estado clerical, deixando-o livre para ser incardinado numa diocese eslovena. Durante um tempo parecia que a Igreja ia simplesmente deixar passar em branco a história, alegando que os crimes dele tinham prescrito, mas após considerável pressão mediática, o Papa decidiu ordenar a abertura de uma investigação, que está a dar os primeiros passos. Entretanto, continua a existir um debate sobre o que fazer com as muitas obras de arte que Rupnik produziu para Igrejas em todo o mundo. Uma dessas obras é o gigantesco mosaico que está na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima. Algumas dioceses já anunciaram que vão retirar ou tapar as obras, mas o Santuário disse esta semana ao Sete Margens que não o pretende fazer, embora, por respeito às vítimas, tenha deixado de usar a imagem do mosaico nas suas publicações.
Gostaria muito de vos dar a minha opinião sobre o que devia ser feito, mas a verdade é que não posso, porque não sei. Alguns argumentam que é necessário separar o artista da sua obra, que se fôssemos por aí, até o tecto da Capela Sistina teríamos de tapar. Outros contrariam que neste caso os abusos são tão grotescos e tão recentes que é uma ofensa às vítimas deixar as obras expostas. Como se sentiria uma vítima de Rupnik ao entrar na Basílica da Santíssima Trindade? Não deve uma Igreja ser acolhedora para todos?
Eu entendo a lógica de ambos os lados da barricada e a verdade é que não consigo decidir-me por um lado ou por outro. Se tiverem as vossas opiniões, sou todo ouvidos! Podem sempre escrever-me para filipe@actualidadereligiosa.pt.
E por falar em abusos, terminou o prazo para se pedir compensações financeiras através do Grupo Vita. Foram feitos 77 pedidos, mas Rute Agulhas já disse que as portas continuam abertas no futuro.
O artigo desta semana do The Catholic Thing mantém o tom quaresmal. O Padre Raymond de Souza diz que cada vez mais pessoas se confessam de acompanhar as notícias, e do efeito que isso tem sobre elas. Conselho dele? Se o teu ecrã é para ti ocasião de pecado, corta-o.